quinta-feira, 13 de maio de 2010

Um fim partido

O sol brilhava pouco naquela quinta-feira nublada.

O menino sabia que poderia ser injusto, mas o turbilhão de sentimentos desencadeou a briga que o levaria a chorar por horas a fio. Os longos insultos trilhavam o ambiente. Eles, juntos por longos e bons momentos, agora se viam ali, parados, furiosos, a se olharem. O barulho intenso das gotas iniciais da chuva na janela era abafado pelas decepções em forma de vozes chorosas. Ele sentia um ardor dentro do peito, tentava parar o coração que batia constante, forte, rápido. Mas mesmo com tanto medo, resolveu parar e declarar um fim partido. A chuva cessou, e ele ficou a fitar o vulto tão conhecido de suas mãos deixando aquele lar. Só restaram os sapatos esquecidos que ele a havia dado de presente tempos atrás, mas o que significavam se estavam vazios? Ele sentou-se enfim, era meio pedaço de um ser que se punha a pensar.

E se o sol iria voltar, agora já não importava mais.