sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Dê-me asas, que eu aprendo a amar. Obra para um coração solitário.

Descobriu um par de asas, desses tortos.
Lugar pior não havia de achar para ficar.
Logo no canto mais sem calma.
Mais desavisado e cheio de pulsações.

Não era fácil conviver dona de um coração alado.
Desses que não voam, mas aceleram os batimentos.
Balançam sem motivo, só por ouvir um suspiro.
Às vezes, até teimam em querer flutuar.
Mas não podem, são atravessados.

Todo dia sentia o arrepio do lado esquerdo.
Orquestra desafinada tocava por lá.
Complicado era segurar esse alvoroço.
Sentia que era maior do que o próprio peito.

Acontece que esses desvarios não duram para sempre.
Vem o tempo, sem medo e atropelando os sentimentos.
Leva aquela paixão, e deixa agora somente amor.
As asas enfim voam de fato.
E pousam em outro coração solitário.