terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Poema de um amor tardio

Agora já nem sei se sou amada ou amo eu

De amor triste escondido, creio que sei viver
Mas duras são as palavras dos desencontros solitários
Perdem-se os diálogos mudos, condensados, aflitos e agoniados
Fervem-se os olhares, desejando aqueles lábios
Meus, teus, juntos

Juras de amor perdem-se na antiga desilusão
De tanto sofrer, hoje me encontro perto cada vez mais de ti
Os olhares encantados teimam em se encontrar, e se perder, e se reencontrar
Acham-se
Pedem-se
Amam-se
No fim de tudo, você veio em mim, só em mim e para mim
E eu sou tua, toda. De carne e pulsação

Nos amamos, eu não só. Você e eu
Pele e coração.

domingo, 12 de setembro de 2010

Aos amigos dessa vida

Confesso que nunca pensei em escrever algo de mim aqui. Mas hoje, bateu essa vontade súbita. Queria falar com todos os meus bons amigos ao mesmo tempo, dizer como eu sou feliz por tê-los. Os que estão longe, os que estão perto, os que eu vejo com frequência, os que eu raramente vejo e os que já nasceram comigo.

São tantas as coisas na vida, que não digo se são grandes ou pequenas, apenas coisas. Umas aparecem e a gente chora, aprende, levanta a cabeça. Com outras a gente sorri, e isso basta. Vocês são uma dessas que aparecem sem muito aviso, assim, de repente. E é tão bom descobrir cada um, cada jeito, cada gosto, cada sonho.
São tantas as coincidências que acontecem, que vocês acabam por ser o acaso bom, o bem-vindo.
Vocês me complicam e descomplicam de um jeito individual de cada um, mas todos se confundem com o que eu sou, e o que eu quero nessa vida. Uma eterna referencia ao carinho, ao querer bem sempre, ao querer que cada um seja do jeitinho que é e viva, vivam felizes.

Esse “melodramacarente” todo é porque a vontade súbita surgiu e sabe como é, né? Tinha que escrever para abafar. Tinha que escrever para sentir.

Aos amigos e amigas (e aqueles/as que estão por vir): Beijos, abraços e sorrisos pra vocês, sempre.

Méle

terça-feira, 29 de junho de 2010

A vida que se fica

Hoje, como não é muito de costume, parei para apreciar a vida.

Como as pessoas são raras em seus movimentos singelos e que as definem como seres de personalidades únicas. Paradas são puro mistério, em movimento se transformam em corpos pulsantes, cheios de energia sem um direcionamento certo.
Percebi, pela centésima vez, como o simples da grandiosidade da nossa existência é belo. Senti, como vez ou outra sinto, o quanto de vida há dentro de mim, nos outros, nos meus. E como eu queria que todos no mundo sentissem isso também.
Apreciei um simples fim de tarde no domingo. Ele dizia "até logo" aos seres que se aproveitavam de sua despedida, despretensiosamente, e nem imaginavam que eles também compunham aquele filme em câmera lenta que se passava pelos meus olhos revigorados. Eram crianças a brincar, cachorros em busca de carinho, homens e mulheres mantendo papos puros e demorados só pelo fato de estarem juntos. E o mar, assim como eu, a os observar. Esqueceram do tempo, da época, pouco importava o ano. Aquele momento era algo paralelo, pertencente somente a vida e a quem a vivia. E de maneira branda fui deixando aquele local, mas todos permaneceram ali, e em mim. Nem sempre me lembrarei disso, mas o visto permanecerá pronto para ser despertado.

E de apreciar a vida, aprenderei a viver.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Um fim partido

O sol brilhava pouco naquela quinta-feira nublada.

O menino sabia que poderia ser injusto, mas o turbilhão de sentimentos desencadeou a briga que o levaria a chorar por horas a fio. Os longos insultos trilhavam o ambiente. Eles, juntos por longos e bons momentos, agora se viam ali, parados, furiosos, a se olharem. O barulho intenso das gotas iniciais da chuva na janela era abafado pelas decepções em forma de vozes chorosas. Ele sentia um ardor dentro do peito, tentava parar o coração que batia constante, forte, rápido. Mas mesmo com tanto medo, resolveu parar e declarar um fim partido. A chuva cessou, e ele ficou a fitar o vulto tão conhecido de suas mãos deixando aquele lar. Só restaram os sapatos esquecidos que ele a havia dado de presente tempos atrás, mas o que significavam se estavam vazios? Ele sentou-se enfim, era meio pedaço de um ser que se punha a pensar.

E se o sol iria voltar, agora já não importava mais.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Reconciliação

Ela sentia frio e havia pressa no seu olhar.

A menina corria descalça e seus pés profundos marcavam o asfalto. As sombras das árvores na beira da lagoa desmontavam o fim daquela tarde. Era claro, mas a noite desenhava o seu ritual de rotina. Ela percebeu que precisava correr, pobre coitada, anoitecer lhe causava calafrios. Pedras pontiagudas começaram a lhe incomodar, possivelmente precisaria parar. Mas o que aconteceu foi o já esperado. Lágrimas no rosto sentiu, era a lua cheia que se posicionou sobre seus olhos decepcionados. Pela noite então, resolveu correr, rápido, amedrontada. Foi então que sentiu uma mão conhecida a declarar: "te amo".

E se o sol iria voltar, agora já não importava mais.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Fevereiro

E olha, meu bem, o carnaval só vem uma vez

A alma descansa, só pra ver ele chegar
E veja, não se aperreie se eu sumo de vez
É fevereiro, frevo, faceiro
E a cada suspiro, acalma-te, não é por ti
Se bonito foi amor, agora já acabou
Não te culpas bem, é fevereiro
As minhas roupas coloridas, perdidas se acharam
Vieram pra mim, sabem quem está por vir
Se ainda pensas em me achar
Vai pelas ruas, pelas máscaras, pelas minhas risadas
Estarei por aí
Longe do teu olhar
Perto de não mais voltar
Pode ser que me fique junto de ti
Mas lembra-te bem
É fevereiro

Amor, adeus, não esperas por mim
Chegou fevereiro, deixa ele entrar