domingo, 11 de novembro de 2012

Você no vazio

No vazio, o silêncio
Inundou as tristezas
Desfez a solidão
Combinou o que não podia
Vazio, silêncio
Tão cheios
De nada
Refez a solidão
Desfez
Enquanto você estiver perto do meu pensamento
Não irão faltar vazios falsos de infinitos
Vazios falsos de solidão
Vazios que por si só
Nos unem, como são. 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O Cantador

Quinta-feira, tempo nublado, dia esquisito. 
A tarde caia, e os primeiros gritos ecoavam. 
É um menino.
Alegria, telefonemas e lágrimas.
 
Tadeo nem era tão magro,
mas de gordinho não poderia ser chamado.
Sorridente isso sim. 
Custava largar aquele bocão escancarando a falta de dentes.
Sinal de canto de boca, meio preto, meio marrom. 
 
Agarrou-se logo aos seios da mãe.
Seis meses de leite materno foram suficientes.
Agora sim, gordinho por inteiro.  
Gengiva rosada e sempre à mostra, mas que não emitia nada.
"Nada, absolutamente nada!" Gritava a avó. 
 
Três passos e o chão.
Desequilíbrio para andar. 
Mas os dentes finalmente estavam lá. 
De voz não se sabia, uns ruídos, talvez.
 
No canto da boca, agora, uma grande mancha marrom.
Descobriu que para falar precisaria cantar.
Um passarinho sem penas. 
O cantador. 
 
Dia esquisito aquele.
Nem muito sol, nem muita chuva. 
Sorriso largo, dentes fartos.
Lágrimas muitas, resolveu partir. 
Adeus assobiado, cantado, não falado.
 
Tadeo era assim.
Ninguém nunca soube explicar.
"Aquele, isso, o gordinho que fala a cantar" 
Do que foi viver custou-se a saber.
Mas de lugar em lugar,
era um sorriso a ficar no seu andar.
 
Fora livre, como bem nascera para ser. 
Fora feliz, por livre conseguir ser.

sábado, 14 de julho de 2012

Sem demora

E era somente o que ele esperava. Dois em um. Um formando dois. A sintonia dos corpos ultrapassou o tempo. Tempo passado, tempo futuro. Só restou o presente. Eram dois, dois de um. Sem tempo. O vento sem pressa. O hoje, sem demora. Para sempre.

Vento de longe que traz o presente.