segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Adeus.


É o mar. Ele é quem quebra na beira da praia. Lembra até o balanço da rede cheia de abraços.


Quando você resolver partir, leva contigo o barulho das ondas, nele vai minha saudade também. 
E aqueles abraços. Misturaram-se às espumas do mar, não esquece deles na tua partida.
Vai pela praia. É a partir dela que tua despedida vai ter fim. Vai sentir o vento de longe. Vai conhecer um novo horizonte, bem longe. Lembra de agarrar o oceano. É nele que a minha saudade vai estar. Deixa as marcas na beira da praia, deixa teu pensamento lá. É ele o balanço que vou procurar.
Só não esquece de não voltar.


Adeus.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Carnaval

Era carnaval mais uma vez e Feliciana não conseguiu sair de casa. O som do frevo invadia seu quarto intensamente, confetes e serpentinas povoavam sua mente e pouco a pouco conseguia enxergar ao longe, o galo marchando com seu tom imperial. Estava frágil, a dor era mais forte do que seus dez anos de experiência com o carnaval pernambucano. Sentia que sem ela nada era igual, queria muito estar entre as máscaras, as bandinhas, as orquestras e todo aquele pessoal. Imaginava as fantasias. Ah, as fantasias! Sabia que nenhum carnaval passava sem estas roupas que nos transformam em seres diferentes, contos, desenhos e emoções. Cantarolava silenciosamente Capiba, e engolia um comprimido, perdendo assim todo o ritmo. Imaginava o sol queimando seu rosto enquanto descia aquelas ladeiras, e todo o prazer que isso lhe proporcionava, mas logo a dor aumentava. Como Feliciana gostaria de sentir o carnaval novamente. Mas ela não podia. Naquele dia nada fazia sentido, tudo rodava. Estava triste, a ressaca de ontem só passaria no dia seguinte.