Esta história não começa com um bom final
Bem se sabe: cada um conta ao seu jeito
Meu narrador, infelizmente, não é afeito às coisas belas
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Já não se tinha notícias da filha de Seu Agostinho
Jovem e engajada naquelas histórias de revolução
Tinha um cartaz de um rapaz barbudo no quarto
Eu, o narrador, achei que fosse um dos Beatles
Tolice a minha, me disse aquela que escreve
Então, resolvi investigar
Joana era seu nome, 27 anos
Se não me engano, se engraçou com o rapaz do jornal
Exilado, depois de torturado
O tal do jornalista deixou semente
Joana bem sabe, pena, Seu Agostinho também
Filha de militar, nessas condições
Só tinha uma escolha
Eu, o narrador, desaprovaria
Mas só estou aqui para contar essa história
Carnaval em Pernambuco, bem se sabe
É um bom cenário para se esconder
E fugir
Quem escreve me contou
Joana achou um refúgio em Olinda
Mas bem se sabe que, em Olinda,
Nada é secreto
Os milicos, já orientados por Seu Augostinho
Seguiram os rastros de frevo
O pequeno Ernesto já havia nascido
Joana tentou,
E se você leu o conto anterior
Bem sabe o final dessa história
Mas quem escreve para eu narrar
Me recriminou
E assim, pois, termino o que foi me designado a contar
Não se tem trégua com quem flerta com o horror
O pequeno Ernesto teve seu curto fim
Joana foi levada
Seu Agostinho até chorou
Mas sem remorso
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Desculpem, aquela que escreve não terminou
Então, preciso continuar
Sou afeito aos finais tristes, ela não
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Joana foi solta, houve anistia
O país conquistou a democracia
A mãe de Ernesto, hoje, ainda existe
Vive no esperançar da justiça
Eu, o narrador, não acredito muito nisso
Mas sou obrigado a confessar:
se há quem sobreviva, é porque houve quem resista
E sempre haverá.