Já se sabia, dois de um não dá três
Seria estupidez imaginar
O céu nem sempre abre para todos
Às vezes, é só uma parte que se estraçalha
Ou um mundo que se transforma
Não se sabe em qual formato
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Josina, ou Josefina
Não havia certeza sobre seu primeiro nome
Mas era filha de Seu Agostinho
Nome vindo do outro lado do Atlântico
Meio Portugal, outra parte Espanha
Era noite de quarta-feira de cinzas
Década de 50, ou 40
Meu confidente não lembra
Mas havia calor
Como nunca antes
Nossa Josefina-Josina saiu à meia noite
Manto em ombros, um pedaço de gente em mãos
Correu, como nunca, como precisasse
Perdeu o ônibus, o último
Achou seu táxi e partiu
Infelizmente, uma curva errada
Uma ligação. Premiada
A moça com nome de inicial J
Perdeu naquele táxi
a terceira pessoa da equação
Não que tivesse ilusões, seria estupidez imaginar
Mas sempre resta alguma coisa de esperança
Mesmo no calor
Chovia, céu fechado, nuvens cinzas
O céu nem sempre abre para todos
Mas o clima quente permanecia
E foi nesse calor de fim de carnaval
Que se foi o pedaço de gente. Retaliação
Às vezes, é só uma parte que se estraçalha
Algemas, caos, dor. Seu mundo se transforma
O formato se sabe, quadrado.
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Meu confidente, ah, meu confidente
Totalmente errado
Essas coisas não acontecem fora de um tempo
Não no país Brasil
Era 1978, e Joana Agostinho perdeu seu filho
Foi presa e torturada
Onde existe opressão, dois de um não dá três
Mas sempre resta alguma coisa de esperança
Eles verão.
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